sexta-feira, julho 10, 2009

O PEJÃO NA GÁLIA (FEYZIN – LYON)



Seis doze rodas carregando quadrigas áureo afogueadas

Rolaram 9729 estádios e alguns tiros de besta

De terras Lusas a terras Gaulesas. Cheias de risos, de sonhos,

De anedotas secas e molhadas, de timidez e ousadia,

Sono, roncos e muita alegria.

Atravessada a Hispânia com muitas! Poucas!

Paragens para cevar os cavalos das quadrigas e os estômagos nelas carregados.

Auto-estrada, Carretera del Estado, Auto-pista, AutorouteetOui!

Nous sommes lá!” Chegamos à pátria da baguette e do croissant.

Abraços! Beijos! Beijos e abraços…Abreijos!


“Em França, sê francês!”


Acertam-se os grilos, descarregam-se os alforges, as charamelas e os sacabuxas, as trombetas e os címbalos. Ai que fome! …

Mas… em França, sê francês!

Afinam-se os paladares, uns altos, outros baixos, outros sem afinação possível.

O sono aperta, o albergue aguarda.

À quadriga!

O estalajadeiro tem um cão. O Presidente não! Organizem-se! Grupos de três para alcovas de três. Primeira noite. Muita euforia, muita correria. Noite curta. Dormir a correr!


Alvorada!

Seis da manhã... Tirem-me deste filme!

Petit déjeuner… em França…já sabem…

Mère de Dieu

Um punhado de lusos caminha… procura a tão desejada cafeína.

Ah! Ah! Foram tomar café com os magrebinos!


Prontos para “combate”! A farda! A “arma”! A partitura”

Vamos, o Maire espera-nos na Prefeitura…pois!

Em França, sê francês! Na Mairie!


Monseigneur le Maire Yves Blein…

O Vice-Cônsul de Portugal em Lyon…

Os vereadores…


Uma cerimónia protocolar, duas marchas, ou três, alguns discursos, risos e sorrisos, palmas, muitas palmas.

O Pejão está na rua!

Algum calor, camisas transpiradas, pensamentos arrasadores…De casaco? Com este Calor? Quem seria o culpável?! Depois apéritifs, oui, et pluie, aussi.

Camisas transpiradas passam a casacos molhados…


À quadriga que o dejejuo espera!

Farta barriga, digestivo pedestre…

Caminha o luso e o gaulês por entre cardos e rosas…

Ei-lo!

O Fort de Feyzin! Mandado construir no séc. XIX (1875-77) pelo général Séré de Rivières. Um colosso subterrâneo com cerca de 20 000 metros quadrados.

No seu interior coabitam alguns guardas, asnos e cervos.


Caminho de ida é atalho de volta…

Uma quadriga para Lyon…outra para o ensaio, pois então!

O Centro Cultural de Feyzin é amplo e moderno.

A sala é seca como o deserto do Saara.

Começa o ensaio. O sono e o cansaço escapam dos instrumentos… O que é isto?! Que pesadelo!

Ao descanso e rápido…


São 20h30… esperem mais um pouco, a sala está bem composta.

São 21h. Começa o concerto…

Os sons de Carlos Taveira, Afonso Alves, Carlos Marques, Duarte Ferreira, Luís Cardoso, Boaventura Moreira, Alves Ribeiro e Georges Bizet ecoam pela sala…

O que é isto?! São estes os mesmos menestréis de há uma hora atrás?!

Os aplausos multiplicam-se e desmultiplicam-se. A sala aclama de pé e o Pejão corresponde.

“Cantaram” com firmeza e do fundo do coração.


Mais um jantar, discursos, canções e diversões.

Mais uma noite de sono apressado.

Mais um dia…


Domingo!

Alvorada! Estou mais cansado do que ontem…

Petit déjeuner… Rápido !

Fazer as malas! Vamos! Missa às 10h!


O templo é enorme. O padre, simpático, cumprimenta-nos num português do Brasil.

Está a formar! Marcha de rua, marcha de procissão. Entrar no templo a tocar, sentar, cantar, rezar, tocar. Cinquenta vozes ecoam pelas paredes e elevam as preces da comunidade. E no fim? No fim cantamos o Magnificat e… mais uma marcha antes do apéritif servido a todos os cristãos.


Desjejuar!

O céu carrega. As nuvens ameaçadoras rugem ao longe. Caem uns pingos, vêem-se uns relâmpagos. Chove, chove… Tarde perdida no Festival do Castelo? Nãh!

Todos para o ginásio! Ranchos, tambores, guitarras e banda…

Monta cadeiras, coloca instrumentos… Que calor!

Actuam os tambores depois a banda. Música popular. Chovem os aplausos. Já acabaram?! Toquem o hino. Somos mineiros valentes…

A banhos! Ufa!

O céu descobre, o Sol brilha. Desmonta cadeiras e microfones. Carrega tudo para o Castelo. O espectáculo continua…

Banho tomado, chinelo no dedo, corsário, t-shirt, chapéu e cabelinho à moda…

Vamos tocar outra vez. A farda?!

Vai à futrica!

Irrompem os bardos no meio dos tugas, dos frantugas e dos francius.

Vai umas marchas e umas modinhas. “É disto que o meu povo gosta!”

Chovem aplausos, vendem-se cd’s…

C’est finis!

Vamos ao frango!


(…)


De Portugal chega a terrível notícia: “Morreu o Sr. Augusto Monteiro.” Paz à sua alma.

Carregam-se os semblantes, murcham os ânimos…


(…)


Abraços e beijos, beijos e abraços, … abreijos…

São as despedidas, os agradecimentos, os reconhecimentos…


Às quadrigas que se faz tarde!


Seis doze rodas carregando quadrigas áureo afogueadas

Rolaram 9729 estádios e alguns tiros de besta

De terras Gaulesas a terras Lusas.


Em Portugal sê português!

Pé na tugolândia… Estamos em casa! Vai um bitoque?!

Bora lá!


Cansativo? Sim. Mas valeu o esforço.

Obrigado. De A a Z e de Z a A.

Venha a próxima…


Abreijos!


Meistre



Autoria: Francisco Moreira (maestro)

13 comentários:

JARBAS disse...

excelente descriçao do k foi a nossa visita a frança....

parabens ao maestro pelo texto...

parabens a todos pelo trabalho...

PedroSilva disse...

:O Fikei espantado e estupfacto com o texto... Mto bom... Mesmo nao percebendo algumas passagens da partitura... Mas prometo que vou estudar o solfejo xD
Parabens ao maestro e Parabens a Familia Pejão

- f disse...

Como adorei o texto... :)

Fábio Silva disse...

Mt bom o texto...
Parabens ao maestro e a família pejao pelo trabalho feito...
:D

Unknown disse...

muito boa descriçao daquilo que foi a nossa viagem por terras francesas! parabens ao maestro por este texto, e parabens a todos os músicos! e venham muitas assim!!


Viva a Família Pejão!!

SP disse...

Muito bom mesmo.
Parece que temos um Camões na nossa banda. Excelente descrição...

Micael Moreira disse...

ESTE TEXTO ESTÁ FANTÁSTICO.....

parabéns ao MAESTRO.....
E VIVA A FAMILIA PEJÃO.

Adriano J. Silva disse...

Realmente, um texto bastante completo, minuciosamente descritivo, exigindo uma concentração muito acima da média. Ao nível dos mais altos padrões da literatura portuguesa, quiçá internacional.

Devo confessar que li e reli o texto vezes sem conta, para que nenhum episódio ou associação me escapasse. A exigência da interpretação deste texto está ao nível da exigência de interpretação duma sinfonia de Stravinsky.

No entanto não posso deixar de esconder que a ignorância se abateu sobre mim. Não consigo descortinar o significado da frase "Rolaram 9729 estádios e alguns tiros de besta"! Correndo o risco dar a conhecer ao mundo a modéstia que se espelha nos meus conhecimentos, deixo aqui o apelo:


"ALGUÉM ME EXPLICA ISTO????"


Viva a Família Pejão.
Adriano J. Silva

Anónimo disse...

o senhor micael já faz comentários?

Mário Faísca disse...

O PESSOAL!!

O que é isto!?

Querem ver que para além de Maestro "mãos de veludo" também temos Maestro com veia de "Saramago"!?

SÓ mesmo na Família Pejão !

O que uma ida a França desperta num "Portuga"!

Parabéns Maestro, tudo bem contado!! E obrigado!

OBRIGADO A TODOS pelo desempenho musical e comportamento exemplar!

Outra coisa não esperava de vocês!

SEM TRABALHO NADA FEITO!!!!!
Mas somos Mineiros Valentes,
VIVA A FAMÍLIA PEJÃO!

Ass: Mário Faisca

PS: ORGANIZEM-SE!
vem aí o próximo fim de semana(X2) e conto com vós todos!!!!

Joana Ferreira disse...

Parabems ao maestro e a toda a Familia Pejao!!

xD

Já agora fiquem com esta:
Porque é que o trompete é um instrumento divino? - Porque o homem sopra nele, e só Deus sabe o que é que dele vai sair... Lool

(nao tenho nada contra trompetistas) :)

* * Beijo * *

André Alves disse...

quem es tu joana ferreira???

mau, nao corti essa...lol

André Alves

Adriano J. Silva disse...

O Estádio(em Latim: stadium) era uma unidade de medida de comprimento em uso no Império Romano. O estádio romano valia 625 pés romanos ou seja 185 metros.

Tiro de besta era uma antiga unidade de medida medieval, que correspondia aproximadamente a 35 metros. A denominação da unidade, aparentemente baseava-se no facto de ser a distância média percorrida por uma flecha disparada por uma besta.

O tiro de besta baseava-se na antiga unidade romana actus, equivalente a 35,5 metros. Por sua vez, o actus correspondia a 120 pés romanos.

Estou esclarecido!!!!!!!!

Viva a Família Pejão,
Adriano J. Silva